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A evolução do melhoramento genético suíno

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Existem no mundo mais de uma centena de raças suínas, algumas são típicas para determinadas regiões e outras atendem nichos específicos do mercado. Quando falamos nas cadeias industriais de carne suína, a variação de espécie diminui principalmente em relação às matrizes, pois a maior parte destas é composta pelas raças Largewhite ou Landrace e seus cruzamentos. Muitas pessoas confundem raça com linhagem.

Linhagem de uma raça seria como uma “família” dentro de uma determinada raça. Cada uma dessas raças tem suas características bem definidas, ou seja, filhos do cruzamento de duas raças puras terão as mesmas características que seus pais. Por exemplo, pai e mãe Duroc, terão filhos Duroc e, tal como seus pais, terão pelagem vermelha.

No mercado industrial é muito comum se optar por cruzamento de duas ou até mais raças na busca de se conseguir as características consideradas mais interessantes na sua progênie. Assim sendo, cruza-se a raça de boa característica materna com raça de boa qualidade de carne. O melhoramento genético se faz em raças puras e é uma atividade muito específica, na qual se busca otimizar as características de determinadas raças e também fazer cruzamentos para obter o melhor “blend”.

Desde 13 de novembro de 1955, quando se fundou a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), as granjas de reprodução ou empresas de genética são registradas, bem como, os suínos destinados à reprodução também são catalogados no Pig Book do Brasil (PBB). Cada suíno deste tem seu número individual, ou PBB.  Mesmo se este animal for cruzado, também deve ser registrado, ou seja, ter seu PBB.

No passado, falava-se em granjas de reprodutores, onde se faziam os melhoramentos genéticos. No Brasil, existiam muitas granjas de reprodução, que forneciam as matrizes ou os machos aos produtores. Estes iam pessoalmente escolher e buscar seus animais. Também era muito comum essas unidades apresentarem seus reprodutores para venda em exposições ou leilões.

A virada de chave na atividade aconteceu no início da década de 1990 após a abertura das importações. A maior facilidade para aquisição de animais de reprodução trouxe empresas de genética suína de vários países, que desembarcaram no Brasil com outra filosofia no melhoramento genético, o conceito de biosseguridade e novas formas de trabalhar o mercado.

Plantéis de melhoramento genético devem ter o mais alto nível sanitário, para que efeitos de possíveis patógenos não mascarem as características genéticas (genótipos). O impedimento da entrada de visitantes em granjas de melhoramento genético é um dos mais importantes itens dos protocolos sanitários, principalmente de pessoas que têm contato com suínos. Assim, as empresas de genética passaram a realizar a entrega dos suínos para reprodução. No lugar do cliente escolher pessoalmente seu animal este passou a comprar “expectativa de produção”.

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Especialização

A especialização foi outro marco importante na atividade. Na suinocultura industrial, atualmente se distingue basicamente dois grandes grupos de raças ou linhagens (aqui realmente pode ser raça ou linhagem, pois pode haver esta distinção de linhagem macho ou linhagem fêmea na mesma raça, por exemplo, na raça Large White). Existem raças ou linhagens especializadas em trazer boas características maternas, chamadas de linha mãe ou linha materna e também há as raças ou linhagens especializadas em características de desempenho ou porcentagem de carne na carcaça, chamadas de linha terminadora, ou linha macho.

Os machos terminadores são aqueles cuja progênie é destinada ao abate, muitas vezes são cruzamentos de várias raças. Isto varia de acordo com o objetivo da empresa de genética. Um exemplo é o macho terminador desenvolvido pela Embrapa, composto por três raças, Pietrain, Duroc e Large White. É muito comum se cruzar duas ou mais raças, formando praticamente uma nova raça ou Puro Sintético (PS), como é chamado. Existe um regramento específico para se registrar um PS. Mas, tal como o puro, a progênie tem as mesmas características que os pais.

No caso das matrizes, quando estão destinadas a produzir os animais para abate, costumamos chamá-las de matriz comercial. As empresas de genética geralmente têm uma marca registrada (um nome) para elas. Essa fêmea em muitos casos é um cruzamento das raças Large White e Landrace, mas quem de fato define é a empresa de genética.

O produtor normalmente recebe as matrizes de empresas de genética ou de suas granjas parceiras denominadas multiplicadoras. Estas multiplicadoras, por sua vez, ampliam o material genético produzido nas granjas de melhoramento genético, também muitas vezes denominadas de granjas núcleo.

A granja multiplicadora de uma determinada genética, recebe as avós da empresa de genética. Estas avós produzirão as matrizes comerciais que irão compor o plantel de granjas comerciais. Mas, afinal, uma avó é uma matriz pura ou não? Depende da política da empresa de genética. Às vezes uma avó é um animal puro, mas também pode ser um cruzamento. Por exemplo, o pai Largewhite e a mãe Landrace. Este cruzamento de duas raças puras também pode ser denominado de F1.

Como funciona o mercado?

O produtor adquire as matrizes comerciais de uma empresa de genética ou granja de reprodutores. Estas fêmeas produzirão os leitões que serão criados até atingirem o peso de abate. Já o macho terminador pode ser adquirido para cruzar com estas matrizes ou pode-se optar pelo sêmen de uma empresa de genética ou em uma central de inseminação. Os leitões que resultam destes cruzamentos serão os suínos destinados ao abate no momento correto.

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O que se busca hoje em dia?

O mercado passou a buscar linhagens de boas mães e de bons machos terminadores. As fêmeas teriam de ter boas habilidades maternas, rústicas, com aparelho locomotor robusto que contribui para maior longevidade e ainda contar com um aparelho mamário com bastante tetas viáveis e simetricamente posicionadas para atender uma grande quantidade de leitões nascidos. Já nas linhagens macho, os produtores passaram a buscar cada vez mais velocidade de crescimento e eficiência na conversão alimentar, transformando ração consumida em quilo ganho.

Outra mudança importante no setor foi a procura pelo porco light. Essa quebra de paradigma trouxe profundas transformações. Até então a banha produzida pelos animais era muito importante na alimentação humana, pois era a principal fonte de gordura. Com o desenvolvimento da indústria alimentícia, os óleos vegetais começaram a substituir a banha e ao mesmo tempo iniciou a preocupação de uma comida com menos gordura, que passou a ser descrita por muitos como indicador de alimentação não saudável.

Essa mudança gerou reflexos que são observados até os dias de hoje. Como os frigoríficos passaram a buscar carcaças magras, as empresas de genética focaram nessas características no melhoramento genético dos machos e a atenção para a seleção de matrizes foi diminuindo. Ao optar por animais cada vez mais magros, o impacto foi na qualidade da carne. Por ter ficado mais magra, sem gordura entremeada, deixou-a mais seca. Além disso, animais com menos gordura frequentemente tinham problemas de estresse, o que aumentou a mortalidade em muitos rebanhos.

Vale ressaltar que a seleção de indicadores sofreu outra grande transformação nas linhagens de fêmeas. A pressão dos sistemas produtivos para animais mais eficientes em conversão de ração e para o aumento significativo no nascimento e desmame de leitões, fez com que as matrizes tivessem outros indicadores prejudicados. Como por exemplo, sua longevidade e resistência a doenças.

Isso está se refletindo nos números que o mercado mundial apresenta hoje, como alta mortalidade de matrizes, prolapsos de órgãos pélvicos em porcentagens nunca vistas antes. A Topgen, por sua vez, sempre buscou um animal mais equilibrado em todos os aspectos. Produtivo, reprodutivo e sanitário, e esse tripé faz com que hoje possamos falar que nosso material genético é mais equilibrado e mais competitivo.

Temos animais com excelente conversão de alimentos, ótimo desempenho tanto em número de leitões, autossuficiência de desmame e peso de desmame da leitegada, quanto em longevidade de desempenho das matrizes, com baixíssimas taxas de mortalidade e de prolapsos. Além disso, nossos animais possuem índices de gordura intramuscular, rendimento de carne na carcaça superior às médias de mercado, aliando os anseios de produtores, indústria e consumidor em um único produto, a Afrodite.

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AGRO & NEGÓCIOS

Programa Semeia em Peixoto de Azevedo finaliza com Feira de Exposição dos trabalhos dias 28 e 29 de novembro

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O Piloto do Programa Semeia 1° e 2° ciclo realizado em Peixoto de Azevedo pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural   de Mato Grosso (Senar-MT), em parceria com o Sindicato Rural de   Matupá e da Fazenda São José, do grupo Bom Futuro, no município de Peixoto de Azevedo  encerram nos dias 28 e 29 de novembro com   a Feira de Exposição dos Trabalhos das escolas municipais Jardim das Flores e Dom Hélder Câmara. Na oportunidade, os alunos envolvidos nas atividades teóricas em sala de aula, e na prática exercidas no campo,  passarão por avaliação com relação ao conhecimento e impacto do Programa na vida do estudante.

Além da consolidação do resultado do Semeia e o resgate sobre a vivência dos estudantes durante a realização dos dois ciclos do Programa, ou seja, teórica e prática, conduzida pelo professor responsável, além do desenvolvimento de uma atividade sobre o tema, seguindo sugestões do Senar ou de livre criatividade do professor. Os alunos receberão certificado   de participação.

Atividades – O Programa foi aplicado   com alunos do 1° ao 6° ano   dessas instituições de ensino envolvidas    mostrando a importância do Agro.  Na teórica foram trabalhadas estratégicas educacionais relacionadas ao domínio cognitivo e efetivo, com exposição dinamizada; vídeos lúdicos das temáticas, atividades pedagógicas de acordo com a fase escolar, por meio do tema: “Agronegócio”.  Já na prática foram desenvolvidas atividades educacionais no campo ligadas ao domínio psicomotor, através de visita técnica   e oficina temática   de horticultura, expondo   o preparo do solo, plantio, colheita, manutenção, armazenamento, transporte e   degustação e avaliação   de hortaliças.

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Também foram aplicadas oficinas de produção de hambúrguer colorido.   Na oportunidade os alunos receberam orientação desde a criação, manejo dos animais até a produção do hambúrguer, dosagem de condimentos, temperos, técnicas de massagear, embutir, colorir e como acondicionar o produto que será avaliado  pelos estudantes no final dos dois ciclos.

A   coordenadora de Projetos e Programas Especiais do Senar-MT,  Nadja  Brito da Paixão explicou  que a  ação  propõe  diagnosticar conhecimento dos alunos em relação ao universo das atividades do meio rural, através da característica e importância do campo, dessa forma  despertar o interesse em crianças e jovens em aprender sobre a vida no Agro: “  Demonstrando como os produtos do campo     estão inseridos na  vida cotidiana, dessa forma  promover a interação e   sensibilização dos alunos no  processamento do aprendizado e conexão dos assuntos tratados nas etapas teórica e prática”, disse Nadja.

Para o gestor do Programa, Edson Fabrício de Resende Filho o  Semeia  visa   despertar o interesse de  adolescentes sobre a importância do Agronegócio, evidenciando o real valor do trabalho  do agro  e como são produzidos os alimentos:  “Dessa forma construir o conhecimento, orientando os jovens sobre a relevância do agronegócio do campo a mesa, diagnosticando o conhecimento dos alunos em relação ao universo das atividades do meio rural,  através de característica e relevância  da área rural, mostrando  como os produtos do campo    estão inseridos na  vida cotidiana, dessa forma  promover sensibilização deles no processamento do aprendizado e conexão dos assuntos tratados nas etapas teórica e prática”, disse Edson.

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Meta- A ideia é fixar as informações relacionadas a importância do Agronegócio consolidado, juntamente com o conhecimento aprendido na etapa teórica do programa. A ideia é vivenciar  a experiência na prática, desenvolvendo um produto do Agro em propriedade rural, visando despertar o interesse em jovens e crianças o aprendizado sobre a vida no campo, promovendo a interação e sensibilização dos alunos no processamento do aprendizado e conexão dos assuntos tratados entre as etapas.

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