O Summit Animal, realizado nesta sexta-feira(07) no Teatro Zulmira Canavarros, reuniu autoridades, especialistas, ONGs, protetores independentes e moradores de diferentes regiões de Cuiabá em um amplo debate sobre o abandono e os maus-tratos de animais, especialmente cães e gatos em situação de rua.

O encontro foi promovido pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso, por meio do Grupo de Trabalho em Defesa da Causa Animal, presidido por Nilson Portela, e marcou um passo importante rumo à construção de políticas públicas permanentes de proteção animal.

O evento contou com a presença do presidente da ALMT, deputado Max Russi, e dos deputados federais Matheus Laiola do Paraná e Bruno Lima de São Paulo, duas das principais referências nacionais na causa animal. Ambos compartilharam experiências bem-sucedidas de seus estados, como os hospitais veterinários públicos e os programas de castração em massa que reduziram significativamente o número de animais abandonados nas ruas.Em Mato Grosso, o deputado Max Russi anunciou a intenção de implantar o primeiro Hospital Veterinário Público Estadual em Cuiabá, com recursos oriundos de emendas parlamentares e parcerias institucionais. O espaço deve oferecer atendimento gratuito a famílias de baixa renda, ONGs e protetores, além de servir de base para ações educativas e campanhas de castração. “Esse será um marco para Mato Grosso. Vamos sair do discurso e colocar em prática políticas que transformem a realidade dos nossos animais”, afirmou Russi.
Além do hospital, o parlamentar destacou a rubrica orçamentária da causa animal incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), garantindo recursos para castração, microchipagem, educação e acolhimento. O grupo também anunciou a criação do Núcleo de Proteção Animal na Delegacia Especializada do Meio Ambiente (DEMA), que vai centralizar denúncias e investigações de maus-tratos.

Os debates reforçaram ainda a importância da castração contínua e descentralizada, com metas por bairro, e do engajamento das prefeituras, universidades e entidades privadas. A meta é transformar empatia em ação efetiva, com políticas públicas que envolvam educação, saúde e cidadania.

O tema vem de encontro com o caso do bairro Araés em Cuiabá, que é um dos exemplos mais críticos do abandono animal. Moradores relataram a proliferação de colônias de gatos, sujeira em áreas comuns, mau cheiro e risco de doenças como toxoplasmose e leishmaniose.

Foto de animal que morreu afogado em piscina de condomínio.
Segundo os relatos, a falta de castração e fiscalização transformou o problema em questão de saúde pública. “As pessoas alimentam os gatos, mas não castram, e o número só cresce. Já virou um caso grave, que precisa de ação imediata das autoridades”, disse Maria José, moradora do Bairro.

A prefeita em exercício de Cuiabá, coronel Vânia Rosa Garcia, também participou do evento e reconheceu a gravidade da situação. Ela afirmou que a Prefeitura, por meio da Diretoria de Bem-Estar Animal, atua em castrações e fiscalizações, mas reforçou que é necessário ampliar a estrutura com apoio do Estado.“Abandono não é cuidado. É preciso transformar o discurso em rotina: castrar, tratar, fiscalizar e educar”, destacou.

O Summit Animal encerrou com o compromisso de consolidar as propostas apresentadas em um plano de ação interinstitucional, envolvendo Governo do Estado, Prefeitura, Ministério Público, Judiciário e sociedade civil. A prioridade é clara: hospital veterinário público, castração permanente e combate ao abandono. “Cuidar dos animais é cuidar das pessoas. Essa causa é de todos”, concluiu Nilson Portela.
Por: Luiz Henrique Menezes