CUIABÁ

ARTIGO & OPINIÃO

COP30 e o crédito de carbono* Por Edson Mendes

Publicado em

Belém, no coração da Amazônia, será o palco onde o mundo discutirá o futuro do clima e da economia florestal. Cercados pela riqueza natural da floresta, líderes globais se reunirão, entre 10 e 21 de novembro, para debater soluções concretas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. E uma das mais promissoras é o fortalecimento dos mercados de crédito de carbono de alta integridade, que conciliam conservação, reflorestamento e desenvolvimento econômico sustentável.

Gerar crédito de carbono significa atribuir valor econômico à redução ou remoção de gases de efeito estufa. Cada crédito corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono que deixou de ser emitida ou foi retirada da atmosfera, resultado de práticas como restauração florestal, manejo sustentável, agricultura regenerativa e investimentos em energia limpa.

Não é de hoje que defendo o desenvolvimento atrelado ao cuidado com a natureza. Há anos, presto consultoria e gerencio o manejo florestal responsável em propriedades rurais, orientando produtores, recuperando áreas de preservação e promovendo capacitação técnica e social nas comunidades onde atuo. Esse trabalho, embora localizado, tem um efeito direto sobre o clima: cada área restaurada ou manejada de forma correta é um ativo ambiental que pode gerar crédito de carbono e contribuir para metas globais.

Leia Também:  Ser médico é escolher a vida todos os dias

Se antes o mercado explorava recursos naturais de forma exaustiva, hoje ele descobre que pode fazer negócio com a preservação. A sustentabilidade deixou de ser um discurso para se tornar critério econômico: investidores e compradores internacionais priorizam cadeias produtivas com rastreabilidade e baixo impacto ambiental. As empresas que se adaptam a essa nova lógica reduzem riscos, atraem financiamentos verdes e conquistam mercados dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis.

Já aquelas que ignoram essa transição ficam para trás. Perdem espaço, valor de mercado e acesso a linhas de crédito, enquanto as sustentáveis abrem caminho para inovação e crescimento.

O crédito de carbono, portanto, não é moeda de compensação para quem continua poluindo, mas um instrumento de transição para uma economia que valoriza boas práticas, respeita limites ecológicos e reconhece o papel das comunidades que mantêm a floresta viva: povos indígenas, extrativistas e ribeirinhos.

Ainda há muito a ser debatido durante a COP30, e o modelo ideal de mercado de carbono global talvez não surja de imediato. Mas o simples fato de o mundo discutir esse tema em solo amazônico já representa um avanço. Belém simboliza o início de uma nova era: a da floresta em pé como ativo climático e econômico – e o Brasil tem tudo para liderar esse movimento.

Leia Também:  Setembro amarelo: uma reflexão sobre saúde mental

EDSON MENDES é engenheiro florestal, tem pós-graduação em Direito Ambiental e atualmente é diretor anbiental do Grupo Mônica

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

ARTIGO & OPINIÃO

Ser médico é escolher a vida todos os dias

Published

on

Por Ana Flávia Nasrala

No dia 18 de outubro, celebramos o Dia do Médico, uma data que nos convida à reflexão sobre o compromisso diário de cuidar da vida em todas as suas fases, formas e fragilidades. Ser médico é estar presente em momentos de dor, esperança, superação e, muitas vezes, de despedida. É colocar o conhecimento a serviço da humanidade, com técnica, ciência e, acima de tudo, empatia.

Vivemos tempos em que a medicina avança em ritmo acelerado. Tecnologias transformam diagnósticos, tratamentos se tornam mais precisos e a comunicação entre equipes e pacientes ganha agilidade e alcance. Mas, diante de todas essas inovações, há algo que permanece essencial e insubstituível, o olhar humano do médico. A escuta atenta, o toque cuidadoso, o respeito às escolhas do paciente são gestos que nenhum algoritmo pode replicar.

Na Help Vida, onde atuo como Diretora Técnica e Cardiologista, vejo diariamente o impacto positivo que a medicina humanizada pode causar na vida das pessoas. Quando levamos o cuidado para dentro da casa do paciente, estamos também levando dignidade, segurança e conforto. O ambiente familiar permite que o médico enxergue o paciente como um todo, inserido em sua rotina, em sua história, em seus vínculos afetivos. E isso muda tudo.

Leia Também:  Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo

A atenção domiciliar, aliada à expertise médica e a uma equipe multidisciplinar preparada, permite um acompanhamento mais próximo, seguro e resolutivo. É a medicina que respeita o tempo do paciente, que acolhe suas necessidades e que promove saúde no cotidiano, junto à família, com autonomia e qualidade de vida.

Ser médico é também assumir um compromisso com a sociedade. É compreender que cada consulta, cada diagnóstico e cada orientação têm o poder de transformar realidades. O médico é muitas vezes o primeiro a acolher a dor e o medo do outro, e o primeiro a reacender a esperança. É uma profissão que exige preparo técnico, mas também equilíbrio emocional, ética e compaixão para lidar com a vulnerabilidade humana de forma respeitosa e responsável.

Pessoalmente, vejo a medicina como uma escolha de entrega. E é também um privilégio ser testemunha de tantas histórias, tantas vitórias e tantas transformações. Neste dia, deixo aqui o meu reconhecimento e a minha gratidão a todos os colegas de profissão que, com ética e dedicação, fazem da medicina um instrumento de cuidado verdadeiro.

_**Ana Flávia Nasrala* é Diretora Técnica da Help Vida e médica cardiologista._

Leia Também:  Tempo de morte contestável: perita aponta limitações na autópsia de Juliana Marins

COMENTE ABAIXO:
Continue Reading

CIDADES

POLÍTICA MT

MATO GROSSO

POLÍCIA

MAIS LIDAS DA SEMANA