CUIABÁ

CUIABÁ

8º Congresso Internacional de Direito Tributário e Financeiro reúne autoridades e acadêmicos na Escola de Contas do TCE-MT; prefeita em exercício de Cuiabá, coronel Vânia Rosa, defende responsabilidade e vigilância sobre os impactos da nova estrutura tributária

Publicado em

A 8ª edição do Congresso Internacional de Direito Tributário e Financeiro, realizada nos dias 3 e 4 de novembro na Escola Superior de Contas do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), consolidou-se como um dos mais expressivos encontros nacionais sobre o tema da Reforma Tributária. O evento, promovido em parceria com a Sociedade Brasileira de Direito Financeiro (ABDF), reuniu especialistas de várias regiões do país, além de autoridades estaduais e municipais, em um debate que transcendeu o aspecto técnico e assumiu forte tom político e institucional.

Entre os destaques, esteve a presença da prefeita em exercício de Cuiabá, coronel Vânia Rosa Garcia, que compôs a mesa de autoridades e ressaltou a necessidade de “acompanhar de perto as mudanças que impactam diretamente a vida dos municípios e da população”.

Reflexão e crítica: tributo como instrumento de desenvolvimento

O presidente da Sociedade Brasileira de Direito Financeiro, Francisco Pedro Jucá, abriu o congresso relembrando a trajetória itinerante do evento, iniciado em São Paulo e agora retomado no Centro-Oeste. Ele destacou que o tributo deve ser visto “não apenas como meio de arrecadação, mas como instrumento de planejamento econômico e de desenvolvimento regional”.

Jucá criticou o formato atual da proposta de Reforma Tributária, afirmando que ela cria novos impostos sem clareza quanto ao fato gerador e sem considerar o equilíbrio federativo. “Não se pode redesenhar o sistema tributário à revelia dos fundamentos da Constituição. Estados e municípios não podem ser tratados como entes subordinados, mas como pilares da federação”, advertiu.

Rogério Gallo: ‘modelo de IVA puro ignora desigualdades regionais’

O secretário de Estado de Fazenda de Mato Grosso, Rogério Luiz Gallo, apresentou uma análise histórica do ICMS e das tentativas de reforma desde a Constituição de 1988. Em tom técnico, mas enfático, Gallo classificou o atual modelo proposto de IVA (Imposto sobre Valor Agregado) como “inadequado para um país federado e desigual”.

Segundo ele, “a transição da tributação pela origem para o destino compromete o equilíbrio regional e penaliza estados produtores como Mato Grosso, cuja infraestrutura ainda carece de investimentos robustos”.

Leia Também:  Wellington articula aprovação de PEC que aumenta auxílios e cria programas sociais

Ao detalhar as perdas potenciais com o novo Fundo de Desenvolvimento Regional, Gallo apontou que “enquanto São Paulo levaria quatro meses para pavimentar toda sua malha viária com os recursos previstos, Mato Grosso precisaria de 31 anos”.

Desembargador Valdir Teis: indignação e alerta sobre retrocessos históricos

Em um dos discursos mais contundentes do evento, o desembargador Valdir Teis, conselheiro do TCE-MT, classificou a reforma como “inconstitucional e centralizadora”, afirmando que o texto representa um retrocesso de dois séculos no pacto federativo.

“Voltamos à lógica de 1831, quando o poder se concentrava nas mãos de poucos. Prefeitos e câmaras municipais serão meros despachantes da União. O comitê gestor proposto é, na prática, um quarto poder, com controle absoluto sobre as receitas estaduais, sem um voto sequer”, criticou.

Teis também acusou o Congresso Nacional de “analfabetismo político” e cobrou dos parlamentares uma postura mais estadista. “O problema não é do presidente, mas da nossa representação legislativa. Precisamos de líderes que compreendam o que é o pacto federativo”, afirmou, sob aplausos da plateia.

Municípios na linha de frente: alerta da AMM/MT

O presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM/MT) Leonardo Bortolin, reforçou a preocupação com os impactos da reforma para as cidades do interior. Ele destacou que Mato Grosso, com dimensões continentais e desigualdades marcantes, sofrerá perdas expressivas de arrecadação ao migrar a tributação para o destino.

“O imposto vai para onde há consumo, não para onde há produção. Estados como o nosso, que exportam alimentos e energia, perderão capacidade de investimento em infraestrutura, saúde e educação”, afirmou.

O dirigente conclamou os prefeitos a fortalecerem suas arrecadações próprias, especialmente o ISS, e a participarem dos debates regionais. “Se não agirmos agora, ficaremos ainda mais distantes do sonho de reduzir as desigualdades regionais”, disse.

Procurador Paulo Prado: constitucionalidade e vigilância

O procurador-geral do Estado, Paulo Prado, questionou a constitucionalidade da proposta e destacou que “não se pode alterar a estrutura de arrecadação de estados e municípios de forma a inviabilizar a prestação de serviços públicos essenciais”.

Leia Também:  Linhas telefônicas do Fórum de Alto Araguaia estão com instabilidade; veja outros canais de acesso

Para Prado, o grande aprendizado do congresso foi o alerta de que “é preciso acompanhar de perto as decisões tomadas em Brasília”, que muitas vezes “beneficiam o Sul e o Sudeste, mas impõem ônus pesados ao Centro-Oeste e ao Norte”.

Prefeita em exercício de Cuiabá defende responsabilidade fiscal e consciência política

Ao participar da mesa de debates, a prefeita em exercício de Cuiabá, coronel Vânia Rosa Garcia, enfatizou que o debate tributário “é de extrema relevância para gestores públicos, pois define o que é arrecadado, como se arrecada e quanto sobra para investir na ponta, onde as demandas sociais acontecem”.

Segundo ela, a centralização da arrecadação nas mãos da União trará impactos diretos à gestão municipal. “Precisaremos administrar com ainda mais responsabilidade para que a conta feche. A população será a mais afetada”, afirmou.

Em mensagem final à sociedade, Vânia Rosa fez um apelo à consciência do voto e à participação popular:

“Precisamos estar atentos a quem elegemos. As reformas são decididas por aqueles que escolhemos para nos representar. É hora de votar com responsabilidade e acompanhar cada decisão que impacta a vida da cidade.”

O 8º Congresso Internacional de Direito Tributário e Financeiro terminou com consenso em um ponto: a Reforma Tributária é necessária, mas não pode fragilizar a federação.

Os palestrantes convergiram na defesa de um sistema mais simples e eficiente, porém com respeito à autonomia dos entes federativos, à realidade regional de estados produtores e à capacidade de arrecadação dos municípios.

Nas palavras do professor Francisco Jucá, “o tributo deve continuar sendo uma ferramenta de justiça social e de equilíbrio econômico — não um instrumento de centralização e dependência”.

Por Luiz Henrique Menezes

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

CIDADES

Domani inaugura nova loja da marca Leapmotor em Cuiabá e aposta na mobilidade elétrica com respaldo global da Stellantis

Published

on

O grupo Grupo Domani, com atuação sólida no setor automotivo de Mato Grosso por quase três décadas, inaugurou neste sábado(08), sua nova loja na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá, com um coquetel de lançamento para convidados.


O destaque da ocasião foi a chegada da marca Leapmotor ao portfólio da Domani, com o importante apoio da Stellantis, conglomerado internacional que reúne marcas como Fiat, Jeep e Ram, e que hoje detém o controle majoritário da Leapmotor — mantendo a empresa chinesa apenas como sócia minoritária.

Domani: história, credibilidade e novo ritmo elétrico


Em entrevista, o proprietário do grupo, Armando Martins de Oliveira, destacou o momento:


“A Domani está fechando ano que vem, trinta anos. Vamos completar vinte e nove anos e pouco. Aqui no grupo Domani temos, não tenho o número exato hoje, mas cerca de seiscentos e pouco colaboradores no total.

Hoje estamos lançando aqui a marca Leapmotor, que agora pertence majoritariamente ao grupo Stellantis — dono da Fiat, da Jeep e da Ram. Essa união trouxe uma marca moderna, com tecnologia de altíssimo nível e suporte global.”

Armando ressaltou que a entrada da Leapmotor representa mais do que adicionar um rótulo novo:


“A nossa esperança com essa marca é que ela seja moderna, extremamente tecnológica, e com o suporte forte da Stellantis. Para mim, isso muda a percepção da garantia de um produto novo.”
Tecnologia, autonomia e nova geração de veículos

No evento, foram apresentados dois modelos da Leapmotor — o totalmente elétrico e o híbrido / “range-extender” — e Armando explicou os diferenciais tecnológicos:

Leia Também:  Sesc Arsenal tem fim de semana com muita música, brincadeiras e quitutes da culinária cuiabana 


“O carro tem um motor elétrico de tração e um pequeno motor a combustão que funciona apenas para gerar energia, recarregando a bateria, e isso dá uma autonomia de até mil quilômetros. Ou seja: você tanqueia um pouco, carrega na energia, e vai mil km. Isso muda completamente a visão do primeiro carro elétrico que andava cinquenta quilômetros e você tinha que ligar na tomada todo tempo.”


“É um carro de altíssimo nível de tecnologia, muito forte. Você não tem chave: você tem um cartão, você aproxima do retrovisor, ele abre; dentro o sistema é todo touch screen, você não escuta nada; você está ‘pronto para andar’. O motor elétrico tem aceleração muito forte porque já parte elétrico. Então eu vejo uma boa história para o carro elétrico: o mundo inteiro diz que ele vai começar cada vez mais a substituir o carro à combustão.”

Sustentabilidade e os desafios da bateria

Armando também abordou a questão — cada vez mais relevante — do descarte e da durabilidade das baterias dos veículos elétricos:


“O mundo inteiro ainda não tem uma solução que eu ache resolvida para isso. A vida útil das baterias de carro gira em torno de oito a dez anos. O mercado aqui no Brasil ainda é muito incipiente porque são marcas recentes e acho que não há ainda um descarte bem definido. Já se estuda, já se pensa; mas esse é um tema que será tratado.” Ele admitiu que esse ponto exige atenção, mas que isso faz parte da transição energética global. A força da Stellantis e o modelo Leapmotor

“Não é simplesmente trazer uma marca elétrica qualquer. Você ter a Stellantis por trás, com toda a estrutura, manutenção, suporte técnico — isso conta muito. É diferente de começar a vender sem uma marca forte para te atender.”


“Nós vemos hoje que a procura está aumentando. Por exemplo, nós já passamos de 5% em vendas de carros elétricos no nosso mix, e essa tendência é crescente.”

Leia Também:  Linhas telefônicas do Fórum de Alto Araguaia estão com instabilidade; veja outros canais de acesso

Mobilidade elétrica em Mato Grosso e o futuro da Domani

O gestor administrativo do grupo, Fortunato Moraes de Souza, reforçou a estratégia da Domani:


“Hoje estamos inaugurando mais uma loja do grupo Domani, trazendo a marca Leapmotor — uma marca do grupo Stellantis — para Cuiabá. Já somos tradicionais no Estado, com quase trinta anos de atuação nas concessionárias Fiat, Jeep e Ram, além de lojas em Cuiabá, Várzea Grande, Tangará da Serra, Rondonópolis e Nova Mutum. Agora, damos esse passo importante ao apostar na mobilidade elétrica.”Com a chegada da loja da Leapmotor em Cuiabá, o Grupo Domani sinaliza sua intenção de liderar também no segmento elétrico no Estado — alinhando-se às tendências de inovação, sustentabilidade e consumo consciente.


O coquetel de inauguração, realizado no sábado, marcou a abertura ao público: os interessados puderam visitar o showroom, conhecer os novos modelos, conversar com consultores e agendar test-drives para sentir a tecnologia de perto. A abertura desta nova unidade reforça o compromisso da Domani de oferecer mobilidade de vanguarda aos clientes cuiabanos.

colaborou Luiz Henrique Menezes

COMENTE ABAIXO:
Continue Reading

CIDADES

POLÍTICA MT

MATO GROSSO

POLÍCIA

MAIS LIDAS DA SEMANA